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A Radiação Ultravioleta e o Organismo Humano

A radiação solar mais conhecida é a faixa visível, mas duas outras faixas importantes são a do ultravioleta e a do infravermelho. A faixa do ultravioleta é subdividida em 3: UV-A (entre 400 e 320 nm), UV-B (entre 320 e 280 nm) e a UV-C (entre 280 e 100).

A UV-A chega normalmente à superfície terrestre, não sendo absorvida eficientemente por nenhum dos constituintes atmosféricos. Em excesso a radiação UV-A pode trazer complicações à saúde, porém esta não tende a aumentar sua intensidade com o tempo, como a UV-B.

A UV-B é fortemente absorvida pela camada de ozônio da atmosfera terrestre, causando uma variação muito forte na intensidade da radiação medida na superfície entre os limites de 280 e 320nm. Já o UV-C é totalmente absorvido pela atmosfera terrestre.

A radiação ultravioleta mais merecedora de cuidados no dia-a-dia é a UV-B que é afetada pela camada de ozônio. Portanto, com a ausência ou diminuição da camada de ozônio não haveria a estratosfera, provocando grandes mudanças na distribuição térmica e na circulação da atmosfera, havendo incidência direta da radiação ultravioleta, que afetaria em muito à vida terrestre.

O sol direto com irradiação prolongada, especialmente na praia, podem resultar em graves queimaduras, que seriam muito agravadas se não fosse a proteção invisível que o ozônio proporciona.

A camada de ozônio absorve apenas a radiação UV-B, entre 280 e 320nm.

Com a recente diminuição do ozônio, da camada de ozônio, a tendência é diminuir também o escudo protetor contra UV-B, cuja intensidade tende a aumentar.

Efeitos da UV-B à saúde Humana
A radiação UV-B pode exercitar ações biológicas adversas na pele humana que não estiver protegida.

Evidências médicas indicam claramente que a pele humana pode sofrer danos severos quando exposta à radiação UV-B natural do sol. Os efeitos mais citados na literatura são o câncer de pele e a supressão do sistema imunológico.

A pele humana tem uma importante função relativa à atividade imunológica, e a radiação UV-B pode interferir com o sistema imunológico humano através da pele. A supressão da capacidade imunológica enfraquece o sistema de defesa contra o câncer de pele, e debilita a defesa contra doenças infecciosas.

Pesquisas revelam que certos medicamentos como diuréticos, antibióticos e drogas em quimioterapia podem aumentar a sensibilidade da pele em relação à luz solar.

Tipos de pele Humana quanto a sensibilidade ao UV-B
Muitos dermatologistas realizaram experiências em relação a interação da radiação UV-B com o meio ambiente, especialmente com a pele humana, sendo capazes de prognosticar o número de minutos que o paciente pode expor-se ao sol sem queimar a pele. Através dessas experiências definiram 4 tipos de pele humana, de acordo com a sensibilidade ao raio UV-B.

A queimadura da pele é algo indesejável porque, em geral, representa dano à pele, o que deve ser evitado, ao contrário do bronzeado que não produz dano irreversível.

Índice Ultravioleta
Com as siglas I-UV ou UV Index, é um parâmetro criado para definir a intensidade de radiação a que o paciente está exposto, como no caso do sol na faixa UV-B. Existem 15 degraus de intensidade, sendo que o índice 15 corresponde ao mais intenso (pico do verão – meio dia).

A tabela abaixo indica de 0 a 15 e os intervalos de tempo em minutos, para exposição sem perigo de queimaduras, para os pacientes sensíveis ou menos sensíveis.

Vários países como Canadá, Estados Unidos, Alemanha, e outros, divulgam um índice de UV-B para informar e auxiliar sua população à cuidados com a pele, modificando a atitude das pessoas em relação ao sol. No Brasil, ainda não temos esse benefício.

O Brasil, ao contrário de outros países, é um país tropical, onde os níveis de radiação são mais intensos, obrigando a população a dobrar seus cuidados. Porém temos a vantagem de que nossa população, em geral, tem uma cor de pele mais escura, tendo maior resistência aos raios UV-B. Esta situação tem exceções em determinadas regiões do país. O nosso agravante é a enorme quantidade de praias, onde o brasileiro normalmente se expõe em demasia.

O índice de UV-B é um índice numérico que indica a intensidade da radiação UV-B. Aprendendo a usar o índice, como se fosse a temperatura ou a previsão de chuvas, a população teria melhores condições de programar o seu dia-a-dia, e desfrutar do sol sem prejudicar sua saúde.

Desta forma, o Brasil estará prestes a se juntar a outros países desenvolvidos na área ambiental, para informar a população brasileira, de modo quantitativo, sobre a intensidade da radiação solar no UV-B. (Kirchhoff, 1995). Enquanto isso não acontece, precisamos nos previnir com o que temos, prevenções com protetores e tratamentos cosméticos.

Variação diurna da UV-B
Pode-se esperar que em latitudes menores do que as de São Paulo, isto é, mais perto do Equador, as doses horárias de exposição solar sejam maiores, por uma questão de geometria.

No entanto, abaixo, indica-se valores referentes a São José dos Campos – SP, mais ou menos na época de outras regiões, mostram que a dose horária não varia muito nas mesmas faixas latitudinais.

A variação diurna do sol deve implicar numa intensidade máxima perto do meio dia, com intensidades mínimas ao amanhecer e no pôr do sol, entre estes extremos, com valores intermediários.

A intensidade máxima ao meio dia é decorrência do fato de que nesta ocasião a fatia de atmosfera que a radiação deve atravessar é a menos espessa possível, e portanto, a radiação sofre a menor atenuação possível.

Penetração dos raios na pele
Os raios UV são quase totalmente absorvidos pelas primeiras células epidérmicas. A luz visível é bem mais penetrante, atravessando integralmente 0,6 mm de pele. Os infravermelhos (IR) calóricos são mais penetrantes, porém perdem gradualmente esta propriedade a medida que aumenta a longitude de onda.

A radiação penetra na pele de maneira irregular, pois a mesma possui muitas camadas que também são dispostas irregularmente.

A penetração da radiação vai depender também de fatores individuais de cada pessoa, como a raça, as regiões do corpo afetadas, a cor e outros. A espessura da camada córnea representa um fator muito importante e explica o comportamento da pele da planta dos pés e da palma das mãos em relação a radiação solar.

Fora da atmosfera terrestre, a exposição direta a luz solar seria fatal à vida, devido a enorme energia radiante que emana das radiações termonucleares do sol. Porém, estamos protegidos pela ação filtrante do oxigênio. As ondas de menos de 240 nm (UV-C) convertem o oxigênio em ozônio, e este absorve os raios UV-B.

Como não existe nenhum meio no Brasil que permita sabermos as doses exatas de UV-A e UV-B que estão sendo transmitidas em determinadas horas do dia, podem se tornar muito mais lesivos, causando maiores possibilidades de moléstias, se não fosse a ação dos raios infravermelhos, que tem grande poder calórico. Isso pode se tornar um fator protetor, pois o indivíduo ao não suportar o imenso calor, se esconde do sol, protegendo-se um pouco mais.

A melanina é um pigmento fotoprotetor, que tem grande importância no mecanismo de absorção e reflexão da luz solar. A quantidade e distribuição da melanina influencia muito na resposta cutânea diante da luz solar.

A melanina atua como um verdadeiro filtro, absorve as radiações transformando-as em calor (descomposição térmica); capta a energia e estabiliza os radicais livres originados pela radiação.

No organismo humano, a pele é o órgão que efetua o maior aproveitamento desta energia radiante. A resposta cutânea à radiação solar se caracteriza pela formação de eritema, melanogênese, incrementando o número de queratonócitos e da espessura da camada córnea, com formação do estrato lúcido na parte mais profunda.

O eritema é o mais simples dos acidentes cutâneos provocados pelo sol. É um processo inflamatório que se manifesta pela presença de cor avermelhada na pele.

É uma resposta normal e transitória que se deve a reações originadas na camada espinhosa epidérmica e na derme quando os átomos de energia (radiação de forma intermitente) atravessam a camada córnea.

O grau de eritema que pode ser apresentado depende da raça e características de cada indivíduo. Porém, o eritema solar é condicionado apartir dos raios UV-B.

A pigmentação cutânea ou bronzeado se deve a neoformação de melanina. Também se observa uma maior produção de queratinócitos.

O bronzeado imediato se produz pelo escurecimento da melanina que ocorre devido a ação da luz na presença do oxigênio. O bronzeado tardio se deve a neomelanogênese pelos melanócitos, e aparecem de 2 a 3 dias após a exposição solar.

Já o infravermelho causa uma vasodilatação que se evidencia por um eritema precoce, imediato, que desaparece rapidamente.

As queimaduras da pele são causadas pelos raios ultravioletas. As zonas de queimadura solar se apresentam com um quadro inflamatório, em que predominam o eritema, sensação de calor acompanhada de dores.

A pele fica com aspecto arroxeado e quente, se tornando tensa e dolorida. Existe vasodilatação com aumento do fluxo sanguíneo e aumento da permeabilidade cutânea. Qualquer pequena exposição ao sol se torna intolerável. Depois de alguns dias, a epiderme descama e retorna a pigmentação.

O modo de exposição ao sol também interfere no grau de pigmentação. Se as radiações incidem perpendicularmente sobre a pele, sua penetração e a pigmentação é mais lenta. Por outro lado, parece que uma radiação tangencial provoca o máximo de pigmentação para um mínimo de eritema.

Cosméticos bronzeadores e protetor Anti-Solar
Os cosméticos bronzeadores são anti-solares do tipo “filtro solar”, que são produtos destinados a permitir o escurecimento da pele para fins estéticos sem a possibilidade de queimaduras na pele.

São produzidos por compostos químicos específicos com função de absorver as radiações UV-B e permitem a passagem das radiações UV- A.

Os protetores solares impedem a passagem de UV-A e UV-B, são especificamente protetores e estão destinados a pessoas cujas características individuais da pele (muito brancas), enfermas (lupus eritematoso, alergias solares) não podem expor-se ao sol, pois correm sérios riscos de saúde.

O filtro solar pode caracterizar-se por uma estrutura química não saturada que absorve radiações eritomatógenas (UVB) e permite transmitir como pigmentógenas (UVA).

A pele e o sol
Durante o ano todo, nosso país, que é tropical, recebe altas taxas de radiação solar, e por isso a população brasileira está sujeita a longos períodos de exposição ao sol, sem contar a facilidade que existe para que isso aconteça, pelo grande número de praias e clubes existentes no Brasil.

As exposições moderadas ao sol, ou seja, nas primeiras horas da manhã e nas últimas horas da tarde, são uma prática saudável, porque ativam a circulação sanguínea periférica e possibilitam e incrementam a síntese de vitamina D na pele. A vitamina D tem grande importância, principalmente em crianças e jovens, por ser anti-raquítica, o que é indispensável para uma boa ossificação para um crescimento normal.

Já os abusos dos “banhos de sol”, principalmente no período em torno do meio dia, podem causar danos a curto e a longo prazo. Justamente no verão, onde o organismo transpira mais para equilibrar a temperatura interna, o excesso de transpiração pode causar desidratação. Além disso, a exposição da cabeça não protegida, pode levar a um sério quadro de insolação, como até a morte. Um longo período da cabeça ao sol pode causar perda de consciência e até a morte.

A longo prazo, este hábito é extremamente danoso à pele, que vai se tornando ressecada, manchada e com perda de elasticidade. Como conseqüência sofre envelhecimento precoce, com aumento de rugas, especialmente em pessoas com pele mais clara com pouco pigmento protetor, que é a melanina.

Por exemplo, a região das cidades do Espírito Santo tem elevada porcentagem de ocorrência de câncer de pele, pois grande parte da população são colonos de pele clara que emigram da Europa e seus descendentes que se fixaram nessas cidades.

Pessoas menos informadas cientificamente podem dizer que a exposição da pele ao sol forte, protegida por “filtros solares”, bronzeadores e outros produtos (muitas vezes não aprovados por órgãos oficiais de saúde pública), não traz riscos.

Realmente muitos produtos podem escurecer a pele protegendo-a um pouco mais, porém devemos ter cuidados com as “fórmulas mágicas” que tem provocado sérias lesões de pele.

Os filtros não impedem totalmente a passagem dos perigosos raios ultravioletas, que tem maior poder de penetração e que são justamente os mais prejudiciais, pois atingem as camadas vivas e mais profundas da pele.

Também deve-se considerar que o excesso de luz pode causar mal-estar geral, dor de cabeça e febre, além das dolorosas queimaduras. Uma pele mal tratada fica mais sensível e vulnerável a outros agentes nocivos do ambiente, inclusive microorganismos patogênicos (bactérias e fungos).

O que normalmente acontece é querermos conseguir todo um bronzeado em um só dia de exposição ao sol. Mas será que vale a pena corrermos certos riscos por questão de estética imediata, se podemos conseguir um resultado ótimo de bronzeado pausadamente ao passar dos dias.

Devemos dar tempo de adaptação da pele para que ela nos proteja bem, bronzeando-se moderadamente ao longo dos dias, para que não fiquemos queimados e intocáveis, deixando passar os bons dias do verão sem poder aproveitar.

Cuidados com a pele, antes, durante e depois do sol:

A urgência em adquirir uma cor bronzeada submete o organismo cutâneo à exposições extremas que causam manifestações dermatológicas inestéticas, como um engrossamento da pele, manchas escuras, e outros acidentes de desagradáveis conseqüências.

O ideal é obter uma bronzeado saudável, com cor uniforme pelo corpo, pele íntegra. Porém, isso só se obtem com uma preparação do tegumento de acordo com a idade, condições de saúde, exposições solares moderadas e outros fatores.

Os cuidados para um correto aproveitamento estético da exposição solar, devem ser de três períodos:

1- preparatório;
2– de manutenção;
3- recuperação da pele.

Dentro desses cuidados deve-se considerar o rosto, o corpo e o cabelo.

1. Período preparatório: Se aconselha afinar a pele, hidratar e nutrir, para que se relacione bem com o sol, proporcionando um bronzeado. Em todo o corpo usar produtos abrasivos (esfoliantes para o desgaste da camada córnea da pele) e posteriormente aplicações de emulsões, gel ou cremes hidratantes e emolientes, o que dará condições para uma resposta fotobiológica normal da pele ao sol.

A pele do rosto, higienizada com a extração de elementos inestéticos e uma correta hidratação e nutrição com pulverização e vaporização e loções adequadas, vão preparar a pele, sendo que estas contém princípios como ácido lático, etc., que são ideais para esse caso, principalmente os que possuem aminoácidos como precursores da melanização.

2. Período de Manutenção: No início da exposição solar é importante o uso de produtos de alta proteção solar, aplicado em todo o corpo, a cada 60 ou 90 minutos, intercalando com emulsões hidratantes que tenham colágeno, que melhoram a qualidade do ton de bronzeamento. Os cabelos deverão ser protegidos por chapéus ou lenços, porém de todos os modos, deve-se aplicar cremes nutritivos com absorventes de radiação UVB + UVA de alta proteção, e os lábios devem ser protegidos com bloqueadores solares.

Depois de alguns dias de exposição solar pode-se recorrer à produtos de média proteção, sempre alternando com cosméticos hidratantes. É muito importante que em clínica de estética realize tratamentos com emulsões que possuam vitaminas A e E , gérmen de trigo, Vitamina F, e outros, que podem servir de proteção da pele para uma boa maquilagem, no caso de mulheres.

3. Recuperação da Pele: Após o tempo de plena exposição da pele ao sol, é necessário voltar aos tratamentos de corpo, com várias sessões de estética, para nutrição, principalmente nas partes mais agredidas pelo sol, como costas, pernas e braços.

No rosto para o afinamento da camada córnea, a nutrição e a hidratação deverá ser mais intensa. Porém, cada biótipo de pele exige um determinado tratamento, por isso, a importância da procura de um centro especializado de estética.

 

Perla Garcia Martins
Fisioterapeuta – Crefito 32159 F