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Sistemas Linfático, Edema e Sistema

Edema: Excesso de Líquidos

O termo edema refere-se à presença do excesso de líquidos nos tecidos corporais. Na maioria dos casos, o edema ocorre principalmente no compartimento extracelular, mas também pode envolver o compartimento intracelular.

Edema Intracelular

Normalmente as causas dos edemas intracelulares são: depressão dos sistemas metabólicos dos tecidos corporais ou falta de nutrição celular adequada. Por exemplo, quando o fluxo sanguíneo diminui, também diminui a oferta de oxigênio e nutrientes. No entanto, se diminuir ao ponto de não conseguir manter o metabolismo normal do tecido, o funcionamento das bombas iônicas da membrana celular ficará deficiente. Neste caso, os íons sódio ficam presos dentro das células, sendo que este excesso de sódio no interior das células causa osmose de água para dentro das células, caracterizando o edema intracelular.

Edema Extracelular

É o acúmulo de líquidos nos espaços extracelulares. Normalmente as causas são: extravasamento anormal de líquidos do plasma para os espaços intersticiais através das paredes dos capilares ou falha do sistema linfático em levar o líquido e proteínas do interstício de volta para o sangue.

O Bloqueio dos Linfáticos causa Edema:

Quando há bloqueio dos linfáticos, o edema pode tornar-se acentuado, pois as proteínas plasmáticas que vazam para o interstício não tem como ser removidas. A elevação na concentração de proteínas aumenta a pressão osmótica do líquido intersticial, o que puxa ainda mais líquidos para fora dos capilares. Algumas doenças graves podem causar esse bloqueio dos linfáticos causando edema extracelular, como: câncer, infecções, cirurgias ou ausência de anormalidades congênitas de vasos linfáticos.

Aumento do Fluxo de Linfa como Fator de Segurança contra a Formação de Edema:

Uma das principais funções do sistema linfático é devolver à circulação os líquidos e as proteínas que, por filtração, passaram dos capilares para o interstício. Se não houvesse esse contínuo retorno para o sangue, o volume plasmático diminuiria rapidamente e ao mesmo tempo ocorreria edema intersticial.

O sistema linfático atua como fator de segurança contra a formação de edemas, pois o fluxo da linfa pode aumentar de 10 a 50 vezes quando começa o acúmulo de líquidos nos tecidos.

O aumento do fluxo de linfa pode ser conseguido com as várias técnicas de drenagem linfática, que age sobre os líquidos biológicos do organismo. O líquido extracelular, principalmente o líquido intersticial, é mais vulnerável à pressões externas, pois uma de suas funções é amortecer estímulos mecânicos, com isso o líquido se movimenta com maior facilidade.

Quando existe um edema na região de afluência dos gânglios linfáticos, eles se mostram endurecidos, porém após uma sessão de drenagem linfática podemos notar a dissolução deste acúmulo de líquidos e a regressão do aspecto endurecido dos gânglios, pelo tato e pela sensação de alívio do paciente.

Imunidade:

Nosso organismo possui um eficiente aparelho de defesa contra organismos ou toxinas que tendem a danificar os tecidos e órgãos, o sistema imunitário. Possuímos a imunidade natural (fagocitose de bactérias, destruição de organismos no estômago por secreções gástricas e enzimas digestivas, resistência da pele, etc.) e a imunidade adquirida que se desenvolve depois do primeiro ataque do organismo por uma doença bacteriana ou por uma toxina, que pode demorar meses para se desenvolver. A imunidade adquirida é induzida por um sistema imune especial formador de anticorpos e linfócitos ativados que atacam e destroem organismos específicos.

A Imunidade e o Sistema Linfático:

O sistema linfático do organismo é que desencadeia a imunidade adquirida. Os linfócitos são essenciais para a sobrevivência. Exemplos disso são pessoas geneticamente com ausência de linfócitos ou aqueles que por muita irradiação ou drogas, tiveram os linfócitos destruídos, não desenvolveram imunidade adquirida e dias após o nascimento morreram por infecção bacteriana fulminante.

Linfócitos:

Os linfócitos estão localizados nos linfonodos (gânglios linfáticos), porém também são encontrados em tecidos linfóides como o baço, o timo, medula óssea e outros.

O tecido linfóide está distribuído pelo organismo para impedir os organismos invasores ou toxinas antes de disseminar-se pelo corpo. Em muitos casos, o agente invasor penetra nos líquidos teciduais e é carregado via vasos linfáticos para o linfonodo ou outro tecido linfóide.

O tecido linfóide dos linfonodos está exposto aos antígenos (moléculas estranhas ao organismo) que invadem os tecidos periféricos do corpo.

Os linfócitos são divididos em dois grandes grupos: linfócitos T, formados no timo, são responsáveis pela formação de linfócitos ativados que produzem a imunidade celular; e linfócitos B, processados no fígado, são responsáveis pela formação de anticorpos que proporcionam a imunidade humoral.

Os linfócitos dos tecidos linfóides penetram na corrente sanguínea no ângulo venoso pela veia jugular interna, sendo que não existe uma passagem direta dos tecidos linfóides para os vasos sanguíneos. E os linfócitos provenientes da medula são despejados diretamente no sangue passando pela parede dos capilares.

Os Vasos Linfáticos:

Os vasos linfáticos formam-se pelo encontro de vários capilares linfáticos, que possuem válvulas que impedem o refluxo da linfa. Por terem paredes mais delgadas do que as veias sanguíneas, possuem uma permeabilidade que permite a filtração de uma parte do líquido para os espaços intersticiais, tornando a linfa central muito mais concentrada do que a linfa periférica.

Os vasos linfáticos encontram-se dispostos em dois planos, um superficial e outro profundo, que podem comunicar-se por anastomoses linfáticas, onde os vasos coletores superficiais acabam por se reunir com os coletores profundos.

Os Gânglios Linfáticos:

Os gânglios linfáticos ou linfonodos encontram-se nos trajetos da corrente linfática. Possuem forma oval com cerca de 1 a 20 mm de comprimento, podendo ser gânglios linfáticos superficiais ou profundos. É envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso que contém musculatura lisa que possibilita a contração do linfonodo para o transporte da linfa.

São estruturas imunológicamente ativas e por sua localização integradas à circulação linfática. No corpo humano existem cerca de 400 gânglios linfáticos, dos quais aproximadamente 160 encontram-se na região de pescoço. Outras regiões com grande acumulo de gânglios são as regiões da axila, virilha e a região poplítea.

Respostas Imunológicas da Drenagem Linfática:

A drenagem linfática ajusta-se aos mecanismo biológicos de tal maneira que consegue ampliar e acelerar as reações próprias do organismo, sem que haja alterações.

As manipulações para drenagem tem o objetivo direto de aumentar o volume da linfa admitido pelos capilares linfáticos e aumentar a velocidade do transporte através dos vasos e ductos linfáticos. Quando esse objetivo é alcançado, exerce-se uma influência considerável sobre outras funções biológicas.

A drenagem linfática trabalha ao longo das vias linfáticas e com ênfase especial sobre regiões de aglomerados de gânglios linfáticos. As pressões rítmicas sobre esses gânglios estimulam as contrações da musculatura lisa, acelerando a passagem da linfa, o que vai influenciar na maturação dos linfócitos presentes.

Essa técnica intensifica as reações imunológicas, pois estimula os centros germinativos de linfócitos nos gânglios, e acelera a circulação dos pequenos linfócitos e a distribuição de anticorpos.

Como os gânglios são considerados órgãos efetuadores das reações imunológicas, uma facilitação e aceleração de suas funções normais pode ajudar na maturação dos linfócitos precursores dos anticorpos.

Através da drenagem linfática podemos influenciar os gânglios linfáticos, estimulando suas funções. Nos centros germinativos dos gânglios linfáticos há formação e especialização de células linfóides, além de ser depósito de pequenos linfócitos. A drenagem acelera o fluxo da linfa que percorre os gânglios, estimulando também estes processos. Uma obstrução de momento dos gânglios, quando ficam enfartados e endurecidos, pode ser resolvida através da drenagem linfática.

Num período preparatório para uma cirurgia estética, a drenagem linfática pode estar facilitando para que o sistema imunológico esteja em perfeitas condições de alerta e pronto para reagir favoravelmente ao estímulo operatório, que causará uma lesão tecidual que vai desencadear uma resposta imunológica.

 

Referências Bibliográficas:

Waldtraud – Drenagem Linfática Manual – 2a. edição
Guyton – Tratado de Fisiologia Médica – 9a. edição
Ccsar e Cezar – Biologia Celular

Perla Garcia Martins
Fisioterapeuta – Crefito 32159 F