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Trombose Venosa

A trombose é uma patologia caracterizada pela oclusão dos vasos sangüíneos.
Trombose vem da palavra trombo, que quer dizer coágulo de sangue.
A trombose venosa se difere da trombose arterial. As artérias levam o sangue do coração para as extremidades e as veias trazem o sangue de volta ao coração. A trombose arterial costuma ser muito mais perigosa, pois impede que as células sejam oxigenadas pelo sangue arterial, provocando a morte tecidual (necrose).

Quando ocorrem em artérias do cérebro ocasionam o Acidente Vascular Cerebral (AVC), mais conhecido como Derrame, no coração infarto e nas pernas gangrena. Já a trombose venosa não tem incidência tão alta de risco de vida quanto a arterial.

Por todo o organismo pode haver trombose venosa, porém mais ou menos de 80 a 90% dos casos ocorrem nas veias profundas dos membros inferiores, mais especificamente na região de panturrilha. Apenas de 2 a 3% dos casos provocam gangrena nas pernas, por comprometer totalmente as veias, a circulação, dos membros inferiores. Enquanto esse coagulo está preso nas paredes das veias é chamado de trombo.

Porém, quando se desprendem, total ou parcialmente, das paredes, são chamados de êmbolos que migram, percorrendo pela árvore venosa e podem se instalar no coração e nos pulmões formando embolia pulmonar, impedindo a passagem do sangue para este órgão, o que traz uma alta incidência de mortalidade devido a insuficiência respiratória.

As veias superficiais também são acometidas pela trombose, porém habitualmente são sem gravidade, causando apenas inflamações locais, conhecidas como flebite superficial.

A trombose venosa Profunda (TVP) ocorrem em geral em pacientes hospitalizados, sendo complicações de procedimentos cirúrgicos e clínicos. Para esses casos, cabe ao médico tomar medidas preventivas adequadas, não significando a eliminação de todas as possibilidades do desenvolvimento da doença.

Por outro lado, um número considerável de casos ocorrem em indivíduos não hospitalizados, porém, portadores de condições que os predispõem à doença e expostos a situações que podem desencadeá-la.

Após a ocorrência da TVP, de 2 a 5 anos, leva ao aparecimento de uma complicação importante que é causada pelas cicatrizes deixadas pelos coágulos no interior das veias. Essa é a Síndrome Pós-flebítica, que é caracterizada pelo inchaço crônico das pernas, pigmentação escura da pele, eczema e rigidez da pele, além do aparecimento de grandes varizes e úlceras na perna.

EPIDEMIOLOGIA
É freqüente a ocorrência de Trombose Venosa Profunda (TVP), porém nem sempre é reconhecida em sua fase aguda, o que pode levar ao desenvolvimento de seqüelas importantes como a Embolia Pulmonar que pode levar à morte.

Os mais acometidos pela TVP e Tromboembolismo Pulmonar (TEP) são pacientes hospitalizados em período pós-cirúrgico, gestantes, doentes inflamatórios ou degenerativos, e até mesmo pacientes aparentemente saudáveis. Pesquisa realizada nos Estados Unidos mostra que 2.000.000 de pessoas apresentam anualmente e 600.000 desenvolvem TEP, sendo que dessas, 60.000 tem evolução para óbito. (sosdoutor.com.br)

FISIOPATOLOGIA
A TVP é caracterizada por formação de coágulo, deposição intravascular de grande parte de fibrinas e hemácias, e em menor quantidade de plaquetas e leucócitos. Tem início nas regiões de grande fluxo das cúspides valvares das veias profundas da panturrilha. Esses trombos podem se fragmentar e migrar, transformando-se em êmbolos. Os fatores que desencadeiam a TVP são os traumas endoteliais, hipercoagubilidade e estase venosa.

SINTOMATOLOGIA
Geralmente os pacientes não apresentam sintomas, porém, vão depender da localização da oclusão venosa. Quando a região for rica em vasos colaterais, a sintomatologia tende a se diferenciar.

Os sintomas consistem basicamente no comprometimento do retorno venoso (edema e complicação muscular), sendo a intensidade determinada de acordo com o que aconteceu, se a TVP ocluiu total ou parcialmente a luz da veia.

A inflamação local da parede venosa ou dos tecidos ao redor da veia, ocasionada pelo trombo, levam à dor local e à migração do trombo ou fragmentação em direção ao território pulmonar (TEP).

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Como os sintomas nem sempre estão presentes, a hipótese diagnóstica é feita apartir de uma leve dor ou algum edema de membro inferior.

Alguns dos diagnósticos diferenciais que devem ser lembrados são as celulites, erisipelas e miosites, além de outros.

Celulite e Erisipela– diferenciam-se da TVP pela característica do edema, sendo predominantemente subcutâneo nos processos infecciosos e musculares nas tromboses.

Miosites – é um processo onde ocorre uma quadro inflamatório das células musculares, causando alterações bioquímicas que levam o tecido muscular à necrose. Assemelha-se com a TVP pelo edema, relato de dor durante a palpação muscular e aumento da tensão em panturrilha.

FATORES DE RISCO
A TVP ocorre com maior freqüência em pessoas portadoras de determinadas condições que podem facilitar a formação de coágulos no interior das veias das pernas, tais como:

  • Idade avançada;
  • ausência de mobilidade;
  • obesidade;
  • varizes grossas;
  • pós-operatório;
  • fase final de gestação e pós-parto;
  • anticoncepcionais orais e reposição hormonal;
  • insuficiência cardíaca;
  • doenças malignas em atividade;
  • história anterior de TVP;
  • Trombofilia (anormalidade genética do sistema de coagulação);
  • tabagismo.
    Vários outros fatores podem desencadear a TVP, como imobilização dos membros inferiores por internação hospitalar, e situações extra-hospitalares, ou seja, quando se permanece sentado ou em pé por longos períodos, fazendo com que haja dificuldades no retorno venoso, ocasionando o acúmulo de sangue nas veias da perna.

    Viagens aéreas prolongadas (acima de 10 ou 12 horas) e viagens terrestres, onde o indivíduo permanece muito tempo sem mobilizar os membros.

    TRATAMENTOS
    Aos casos de TVP utiliza-se muito para a prevenção as medidas gerais para a melhora do retorno venoso, deixando o paciente em posição de Tremdelemburg, que é um posicionamento de inclinação do corpo deitado, onde o doente permanece com as pernas elevadas, e a cabeça e o tronco inclinados para baixo, com uma inclinação de aproximadamente 30 graus, promovendo a diminuição do volume (edema) do membro em 3 ou 4 dias, através da estimulação da circulação colateral e da fibrinólise espontânea.

    Na maioria dos casos não há necessidade de analgésicos e antinflamatórios, pois a heparina, que é a principal droga utilizada, também tem efeito antinflamatório.

    Logo que haja a diminuição do edema e da dor, podemos iniciar a mobilização do paciente, utilizando-se a marcha, onde haverá contração ativa da musculatura da panturrilha que é o principal mecanismo de auxílio ao retorno venoso.

    PREVENÇÃO
    A TVP tem ganhado muita importância na classe médica, já que se os fatores causais persistem, os coágulos podem progredir aumentado a morbidade a mortalidade em cerca de 30% dos casos.

    A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBAVC) criou o protocolo Nacional de Profilaxia da TVP para a prevenção em regime hospitalar, e também o lançamento das diretrizes da SBACV que orientam os médicos brasileiros sobre a prevenção e os tratamentos.

    As medidas preventivas de pacientes extra-hospitalares é realizada com várias medidas de posturas simples que devem ser adotadas por pessoas em condições de risco, que vão facilitar o retorno do sangue venoso.
    Algumas delas São:

  • frequentes caminhadas por dia;
  • mobilização ativa dos pés e pernas durante posição sentada ou qualquer posição que dificulte os movimentos;
  • uso de roupas largas e confortáveis;
  • moderação ao utilizar bebidas alcoólicas;
  • evitar uso de calmantes para dormir;
  • evitar o fumo;
  • utilização de meias de compressão elástica, principalmente em portadores de varizes, orientados pelo seu médico.